(Parte da entrevista retirada)
Autora: Dra. Fábia de Mello Pereira
Empresa barsileira de pesquisa agropecuárias - EMBRAPA Semi-árido
JornApis: Qual a vantagem de alimentar as
abelhas no período seco?
Dra. Fábia Mello: O estado nutricional das
colônias influencia a capacidade produtiva e reprodutiva das abelhas,
resultando no aumento ou redução da população da colônia. Além do
enfraquecimento das colônias, o estresse nutritivo reduz a resistência das abelhas,
deixando o ambiente interno da colmeia mais propenso ao desenvolvimento de
doenças e ataques de inimigos naturais.
O fornecimento de alimento energético
estimula a produção de cria e o fornecimento de alimento proteico aumenta a
capacidade das operárias de cuidarem das crias mais novas, aumentando assim a
população da colônia e evitando os problemas mencionados anteriormente.
Além disso, uma colônia que inicia o
período produtivo forte terá mais tempo para aproveitar a disponibilidade de
néctar para armazenar mel, aumentando sua produtividade. Ao contrário, uma
colônia que está fraca no início da florada, precisará inicialmente utilizar o
alimento disponível para aumentar sua população para depois começar a
produção. Como o período produtivo no Nordeste é relativamente rápido, o
apicultor acaba tendo um prejuízo produtivo grande por não fornecer a
alimentação.
JornApis: Alimentar as abelhas com água e
açúcar é suficiente para desenvolver as colônias?
Dra. Fábia Mello: A alimentação energética
é mais importante que a alimentação proteica, pois é mais consumida na colônia.
No período de escassez de florada, o ideal é o fornecimento dos dois alimentos,
mas, se não for possível, poderá ser fornecido somente o alimento
energético.
JornApis: Existe um produto que você
recomendaria para adicionar à alimentação das abelhas?
Dra. Fábia Mello: O ideal
é fornecer alimento com custos reduzidos. Nesse contexto
a folha de mandioca (Manihot esculenta) já é usada por vários produtores.
As folhas devem ter o pecíolo eliminado logo após a colheita e colocadas para
secar a sombra até que sejam facilmente esfareladas com as mãos, quando deverão
ser moídas e peneiradas. Processadas desta forma as folhas de mandioca não
possuem ácido cianídrico e não são tóxicas para as abelhas, o rendimento é de
19% e o teor de proteína bruta 26,73% de proteína bruta.
JornApis: Você conhece algum manejo de
alimentação da caatinga que evitaria a necessidade da alimentação artificial.
Dra. Fábia Mello: Existem muitas plantas,
em especial de porte arbóreo, que produzem flores no período de estiagem. O
apicultor deve, não somente preservar e conservar, mas plantar essas espécies
para aumentar a densidade das mesmas. Esse tipo de manejo é demorado, mas com o
tempo se torna mais vantajoso para o produtor, pois reduz os custos com a
alimentação, pode ampliar o período de safra na região e é eficaz para
controlar um dos maiores problemas da apicultura no Nordeste, a taxa de
abandono das colônias.
Fonte: Jornapis n.7
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