Marcelo Crescenti
De Milão para a BBC Brasil
O famoso Teatro Scala e o secular
Castelo Sforzesco estão entre os prédios históricos da cidade de Milão, na
Itália, cujos tetos deverão ser usados como refúgios urbanos para abelhas.
A prefeitura de Milão planeja ocupar o espaço vago nos tetos de
diversos marcos da cidade com colmeias de abelhas. A ideia é da associação
Milleapi (mil abelhas, na tradução literal), que promove a apicultura na
metrópole italiana, e tem o apoio do conselho municipal da Zona 1, que abrange
o centro histórico da cidade.
A apicultura urbana já é praticada em várias metrópoles como
Nova York, Hong Kong, Tóquio e Paris. Sua finalidade é aumentar a
biodiversidade em centros urbanos e também permitir a polinização de plantas e
árvores nas cidades.
Em Milão, a novidade é que edifícios-símbolo da cidade, como o
Scala e o Sforzesco, servirão como base para o projeto. Colmeias deverão ser
instaladas também em outros prédios históricos, como o Aquário Cívico e o
Palazzo Marino, residência da prefeitura milanesa.
Museus como a Triennale, de Design, e o Museu de História
Natural também estão sendo cogitados como possíveis refúgios de abelhas. Os
lugares definitivos serão escolhidos por especialistas da prefeitura.
A secretária de Meio Ambiente de Milão, Chiara Bisconti, diz que
o projeto se integra aos planos da prefeitura de tornar a metrópole mais verde:
"É uma contribuição para a biodiversidade no centro."
Poucas picadas
Michele Tagliabue, da associação Milleapi, explica que o ambiente
urbano é muito apropriado para as abelhas: "Aqui não há os inseticidas que
são usados na agricultura. Além disso, as cidades tendem a ter um clima mais
ameno, o que propicia um período de atividade biológica mais longo do que nas
áreas rurais".
O apicultor diz que os moradores não precisam ter medo das
abelhas: "Não se tratam de vespas, que são carnívoras e tendem a picar
mais. E nós podemos escolher raças de abelhas com linhas genéticas menos
agressivas para povoar as colmeias urbanas".
Cada teto escolhido deverá receber seis colônias de abelhas e 5
quilos de cera biológica para iniciar o projeto, assim como os apetrechos
necessários para retirar o mel produzido. O produto será recolhido e levado
para um centro de apicultura próximo a um dos principais parques da cidade, o
Parco Sempione.
O objetivo do projeto é também aumentar a população de abelhas
na Itália. "Registramos uma queda no número de abelhas pelo uso errado de
inseticidas rurais, por mudanças climáticas e por doenças epidêmicas", diz
o especialista Giacomo Lorenzini, professor da Universidade de Pisa.
"O problema não atinge tanto as abelhas produtoras de mel,
mas está afetando boa parte das 950 espécies de abelhas que abitam o
país", afirma.
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