Município quer incentivar produtores de mel a fazerem apicultura migratória.
Ideia também é reunir produtores
para acompanhar aplicação de inseticidas.
O uso de dois
agrotóxicos em lavouras de feijão, café e soja pode ter sido responsável pela morte
de mais de quatro milhões de abelhas em Gavião Peixoto, segundo resultados de
exames feitos nas abelhas mortas por um laboratório. O município quer
incentivar os produtores de mel a fazerem a apicultura migratória, afastando as
colmeias das áreas agrícolas.
A análise, feita a
pedido da Secretaria de Meio Ambiente, apontou a presença de princípio ativo do
fosfonometil, mais conhecido como glifosato, e que está presente em cerca 20
marcas herbicidas aplicados para eliminar mato. Também foi encontrado o clorpirifós,
um inseticida usado em mais de 70 produtos no combate de pragas em lavouras de
soja, café e feijão.
O apicultor José Luiz
dos Santos foi um dos que tiveram prejuízo, após perder 130 colmeias. O
resultado confirmou a suspeita dele. “Fico revoltado, porque os caras usam
veneno sem saber o que está passando e acabam me prejudicando. Então a gente
tem que ver, porque eu vivo disso”, afirmou.
Osmar Malaspina, que é
pesquisador no Departamento de Biologia da Unesp de Rio Claro, acredita que é
mais provável que o inseticida pode ter matado as abelhas, mas não descarta que
os dois agrotóxicos, juntos, podem ter aumentado o efeito nocivo para as
abelhas. “A junção desses dois produtos pode potencializar e tornar o produto
mais tóxico e evidentemente vai matar mais as abelhas”, disse.
O apicultor Valdeir
Ribeiro de Sousa acumula prejuízos e, nos últimos dois anos, perdeu 40
colmeias. Neste ano ele vai tentar mais uma vez, só que não sabe se vai
conseguir fugir dos agrotóxicos. “Hoje você arma a caixa e não pega as abelhas,
pega bem pouco. Os que tem mata, então vai acabar. Quem depende da apicultura
vai ter que partir para outro ramo”, afirmou.
Mais veneno
Em 2012, os
apicultores da cidade perderam centenas de colmeias e morreram mais de um
milhão de abelhas. Na época, um laudo constatou que elas também morreram por
causa de um outro veneno usado nas lavouras.
A venda desses
agrotóxicos é permitida pelo Ministério da Agricultura. Por isso de acordo com
o diretor de Meio Ambiente de Gavião Peixoto, Fábio Edson Rodrigues, não há
como punir ninguém. A ideia é reunir os produtores para acompanhar a aplicação
de inseticidas na região. “Ter uma fiscalização para saber onde está sendo
usado, por quem está sendo usado, a periodicidade. A gente acredita que há um
uso indiscriminado desses defensivos. Os agricultores usam sem ter noção da
potencialidade que esse veneno pode atingir”, afirmou.
Município quer incentivar produtores de mel a fazerem apicultura migratória.
Apicultura migratória
As colmeias ficavam no
meio de uma mata na cidade e a dois quilômetros existem plantações de café,
soja e feijão. Com a ameaça tão próxima, os apicultores vão pegar toda esta
estrutura e levar para uma área isolada, mais longe dos agrotóxicos. Eles
querem desenvolver a apicultura migratória, que muda as colmeias de uma região
para outra acompanhando as floradas. “Onde as abelhas possam fazer o mel e, no
período da colheita, traz esse mel de volta e ele é processado, embalado e
comercializado no município”, explicou Rodrigues.
O Departamento de
Agricultura e Meio Ambiente de Gavião Peixoto pretende incentivar os produtores
de mel a formarem uma cooperativa e, com isso, tenham facilidades para
participar da apicultura migratória.
Fonte: muralvirtual-educaoambiental
Fonte: muralvirtual-educaoambiental
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